Vamos descrever os aromas do vinho?
E aí, tudo bem?
Vocês já devem ter ficado curiosos ao ouvirem um especialista descrevendo os aromas de um vinho, não é? Como pode alguém sentir tanta coisa em uma única tacinha?
Pois é! A avaliação olfativa é sempre a parte mais complexa da degustação. Temos uma amiga muito querida que sempre brinca que sente cheiro de "grama molhada pelo primeiro orvalho da manhã"... E conclui a sua availiação com um simples "esse vinho me fez feliz" (ou não).
A experiência conta, é claro, mas grande parte de uma boa avaliação vem daquilo que temos guardado na nossa memória, uma verdadeira galeria olfativa. Digam-me com sinceridade se não há algum aroma que os remeta à infância: uma comida, uma flor, um perfume. Essa é a ideia.
Quando a gente começa a estudar mais, a coisa fica mais engraçada. Não é difícil encontrar comigo e com a minha linda editora e sommeliére Alessandra sentindo os cheiros das coisas no supermercado, parando na frente de um jardim para esfregar uma pequena folha e descobrir qual aroma ela aporta. Hoje mesmo, triturei algumas sementes de zimbro, preparando um aperitivo antes do almoço.
Essa é, então, a primeira grande dica. Construa o conhecimento. Não sinta medo de cheirar as coisas que possam te remeter a algum aroma do vinho. Para os mais interessados, há até alguns kits disponíveis, mas o mais importante é treinar, treinar, treinar...
Outra boa dica é não querer sentir todos os odores ao mesmo tempo. É preciso ordenar a busca. Comece procurando as frutas, se elas estão maduras, passadas, em compota. Depois, vá para as flores. Pode ser até que você tenha sentido a rosa lá no início, mas aguarde a vez dela. Saia do jardim e vá para a horta. Procure as ervas, as especiarias, os temperos. Você vai se surpreender. A maioria dos vinhos mais simples vai parar por aí, o que não quer dizer que sejam ruins.
Passada essa fase, procure aromas que venham dos processos de vinificação: madeira, couro, fermento, tabaco, pão. Esses traços vão mostrar que são vinhos mais elaborados e complexos. Com o tempo, você vai conseguir ampliar ainda mais a busca, e encontrar aromas que vêm com o envelhecimento e que, quando presentes, distinguem os vinhos especiais.
Espero que tenha ajudado. Degustar é um exercício de prazer. Degustar a dois, então, como nós do Vino in Coppia, é um ato de amor e compromisso. Vamos abrir uma garrafa?
Ah! Pode ser que você encontre o tal cheiro do orvalho da manhã, mas para isso vai ter que, pelo menos, acordar cedo...
Abraços...
Muito didática a sua explicação de um assunto complexo e, até certo ponto, inexplorado. Parabéns!
ResponderExcluirGrato, meu amigo e comodoro. O objetivo é ajudar...
ResponderExcluirMuito bom. Copiado. Valeu. Continuem sempre. Forte abraço e muito sucesso.
ResponderExcluirQue delícia de texto!!!
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