Definindo o corte do vinho: quando a ciência transforma-se em arte...
Vocês devem ter lido nosso post sobre os cortes de Cabernet Sauvignon que degustamos no último final de semana, não é?
Como as sensações do primeiro vinho estavam bem frescas, pudemos prestar atenção às diferenças entre eles. Ambos vinhos agradáveis, coloração rubi, sem reflexos, límpidos, secos, com boa acidez e taninos presentes mas equilibrados. O que nos chamou a atençao foi o nariz. Enquanto o chileno realçava as especiarias sempre presentes nos Cabernet, o espanhol apresentava notas mais frutadas, realçando as frutas vermelhas silvestres e maduras. Os dois apresentavam bons aromas derivados da barrica, baunilha, tabaco, couro, mas as sensações olfativas eram muito específicas.
Logo, eu e Alessandra estávamos discutindo o efeito dos cortes naqueles dois vinhos. Qual a colaboração da Syrah e da Merlot no resultado final. É claro que precisamos ressaltar que são terroirs distintos, mas chegamos à conclusão que sim, as variedades secundárias influenciaram e muito. Daí a ideia deste post...
Todo mundo que aprecia vinho sabe, mesmo em termos gerais, como ocorre a produção da bebida, os cuidados com a uva, os graus de açúcar na hora da colheita, os tipos de colheita, as fermentações, armazenamento, envelhecimento, envase, todas as fases comuns. O que diferencia mesmo uma garrafa de outra, entretanto, é pura arte...
É o toque do enólogo, é a descoberta das potencialidades da variedade, das safras, das proporções. Se quero um vinho mais "picante", o que adicionar? Se quero um vinho mais leve, o que fazer? Quando olhamos para as prateleiras da adega, é essa a magia que esperamos encontrar, e que às vezes nos surpreende, para o bem ou para o mal.
Minha linda sommelière e editora sempre faz analogia deste momento de descoberta com uma cena do filme Ratattouille, quando o ratinho Remy, protagonista, ensina seu irmão Èmile(um dos 5000 irmãos dele) a degustar alguns pedaços de queijo. Há, no filme e na vida real, uma explosão de aromas, sabores e prazer, comparável à contemplação silenciosa de uma obra de arte. Pensem nisso quando estiverem degustando o próximo vinho...
Degustando, não simplesmente bebendo. A experiência é muito mais gratificante. #ficaadica
Sendo assim, abramos mais uma garrafa e brindemos aos nossos amigos enólogos, verdadeiros artistas do vinho.
Forte abraço!
Muito legal. Outra visão e disposição ao consumir (bebendo ou degustando) um vinho. "Fica a dica"
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